terça-feira, janeiro 02, 2007 


Na cidade.

A fome reuniu os viajantes, num pequeno restaurante com imenso barulho, cheiro a pão acabado de fazer misturado com fragrâncias desconhecidas, cujo efeito imediato se traduzia na vontade de comer e na sede que todos partilhavam.
Subiram os degraus dois a dois e quando tropeçou a mão esquerda lesta agarrou-se ao corrimão impedindo um grande trambolhão. Sorriu perante as exclamações de troça bem-humoradas do pequeno grupo que a seguia de perto e afirmou peremptória: vou chegar ao cimo e fotografar a cidade toda!
Depois ficou em silêncio e as fotos sucederam-se num ritmo quase impossível de cronometrar, até porque às vezes as palavras não têm espaço para conterem tudo o que é processado entre o cérebro e o coração, admitindo “que os desafinados também têm um coração”... mesmo que não tenham jeito para desenhar.
A luz do final do dia mostrava o caminho percorrido, apesar do cansaço, da dor de dentes e do frio que começava a manifestar-se de forma mais intensa, naquele final de Dezembro.

Amanhã deixariam aquela cidade e regressariam de novo a outra cidade, a outra casa.
Hoje... ainda tinham todos muita sede e nenhum dos amigos usava relógio...