domingo, julho 30, 2006 

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Tenho um amigo que diz nunca apagar os comentários que fazem no seu blog. Acho bem. É a sua escolha. A minha é de suprimir comentários anónimos despropositados. Não por gostar de censurar o que quer que seja, mas porque a liberdade de expressão tem que respeitar os demais indivíduos.
Não deixa de ser curioso, acredito que é muito bom existir a possibilidade de comentar algo anonimamente, porque há quem seja tímido ou não queira usar o seu nome.
Já me aconteceu comentar anonimamente certos blogues, nunca para denegrir ou insultar. Não está na minha forma de ser e de estar na vida.
Causa-me espanto que alguém seja suficientemente inteligente para utilizar o teclado de um computador e o faça apenas para ofender, injuriar ou fazer comentários descabidos, quer pelo conteúdo, quer pela forma. Penso que devem ser pessoas muito tristes, com a alma rota e muitos traumas. Um psicólogo ou um psiquiatra deveriam poder solucionar isso. Mas é necessário que quem adopta essa forma de estar na vida reconheça que tem um problema. Honestamente continuo a dizer: não havia necessidade de ter que travar o riso perante os últimos comentários anónimos que suprimi mas foi mais forte do que eu :)

sábado, julho 29, 2006 

"Há uma diferença entre os que pensam em agir e os que agem."
Logo após ter escrito mais uma frase banal, tipo chapa cinco, notou-se que faltava algo, uma palavra nova. Foi então que um obscuro e seco sentido de humor surgiu invadindo o espaço desacertado do belogue, a palavra inter-âge surgiu fulgurante enquanto esperava pacientemente que lhe arranjassem o carro.
Inter-âge, a piada seca da tarde, foi agarrada e colada no branco da postagem, durante a noite: ficas aqui sim. Á espera do novo dia porque hoje foi um dia de mudar peças no carro, ele foi pneus, pastilhas para travões, imposto para reciclar pneus usados, óleo, filtros, etc, etc...
Aquilo foi mesmo muita mão-de-obra. Foram todos muito simpáticos, explicando cuidadosamente como travar pois o carro ficará, nos próximos 150 km, a travar menos. Moralidade da história:nesta vida é também necessário travar menos... peças para mudar não há muitas, temos um prazo de validade e ingredientes insubstituíveis...

quinta-feira, julho 27, 2006 

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As palavras enrolaram-se, o discurso decorreu baixinho, dito de forma audível mas grave. O segredo guardado finalmente saíu e a afirmação pairou no ar: não é um “andar solitário entre a gente” é estar e ser solitário, sempre.

(Camões é um grande poeta e "a poesia é para comer"...)

quarta-feira, julho 26, 2006 

Se... " a vida não está certa nem errada, aguarda apenas nossa decisão" -as palavras citadas de cor são de uma canção- porque têm de existir decisões tão dolorosas?

 

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Parece impossível que o oceano esteja tão perto.
Há uns anos era impensável um ano longe do mar, do Sol e da sensação de liberdade que os grandes espaços davam... até porque era impossível, era aí que vivia.
Anos passados admito que o impossível acontece porque ficamos muitas vezes longe do que amamos, fazemos uma ínfima parte do que pensamos fazer e (aparentemente) há momentos em que já nem pensamos.

domingo, julho 23, 2006 

Pedido de ajuda
Há 11 dias descobrimos que a Micas, gatinha com 12 anos, Bosques da Noruega (foto publicada 23 Novembro de 2005) tinha um carcinoma na base da língua. Foi operada (o veterinário assegurou que os gatos conseguem viver até sem língua e fazer a sua vida com normalidade) no dia seguinte: o tumor foi retirado e metade da língua também. A cicatrização decorreu, com visitas periódicas ao veterinário: soro, antibiótico...
Os dias têm parecido meses e agora estamos na fase em que é suposto ela comer sozinha. Simplesmente não é fácil, ela consegue agarrar a comida com a boca... mas não sabe engolir.
E agora, haverá alguém que tenha experiência de semelhante situação? Faço tudo para ajudar a gatita, mas é muito difícil. É-o com seres humanos e com animais também.
Num gato a língua serve também para este se lavar. A Micas, noite e dia, sem que possamos impedi-la, arranca pêlo para com ele lavar-se, é desesperante ver isto acontecer e tomou porporções importantes. Se alguém souber como ajudar é muito bem vindo.

sábado, julho 22, 2006 

Há dias em que é necessário parar.
Este é o primeiro dia em que tal sucede. Calmamente percorrem-se caminhos familiares, onde os sons se multiplicam, diferindo dos da cidade.
A um passo fica a guerra, a fome, o desespero e mais do que se escreve. Perto está a certeza de, pelo menos hoje, poder continuar a trilhar carreiros, subir montes e lavar os olhos na luz que se estende neste céu imenso.
Só me ocorrem letras de canções que ecoam na memória: Hoje é mais um dia "do resto da minha vida"...

sexta-feira, julho 21, 2006 

É verdade, no Fora das Mãos tudo tem estado muito parado.
O meu amigo Mário lembrou-mo e fez bem. Já vos falei dele? Hoje está cheio de dores nas costas (espero que não tenha sido por ter pintado demais aqui em casa).
Ele e eu nem sempre estamos de acordo, não partilhamos a mesma forma de estar na vida e temos gostos e sensibilidades diferentes. Mas temos algo em comum: somos amigos, há muito tempo, gostamos de sê-lo e naturalmente fazemos por manter essa amizade.

Os últimos anos têm trazido muitos imprevistos, provocado alterações na forma de estar, preocupações em todos nós. Enfim o habitual. Quando se vive a vida toma direcções que não controlamos e tentamos acompanhar o melhor possível.
Simplesmente é verdade... perdi a noção de há quanto tempo ando a remar contra a maré e a corrente agora é quem me conduz.
Eu só queria agradecer-te pela generosidade que demonstras sempre, meu amigo, mas como sempre surgem dezenas de palavras antes de dizer simplesmente isso: é bom estares por perto(não estou a esquecer-me do Ganistão, lol).

Pronto... já actualizei o Fora das Mãos. Bj

 

Camões porque está sempre presente pelas palavras que não se ausentam. Este soneto porque não deixa ler apenas a passagem do tempo.




Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.

Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança;
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem, se algum houve, as saudades.

O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já foi coberto de neve fria,
E em mim converte em choro o doce canto.

E, afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto:
Que não se muda já como soía.

Luís Vaz de Camões

segunda-feira, julho 10, 2006 

Fomos, já não somos. Ignoramos. Calamos.
Gritamos para dentro.
Não queremos.
Queremos.
Perdemos, não gritamos, não choramos.
Aceitamos o mais e o menos.

Pela água que não corre. Por tudo o que cegou e secou.

A falta de tempo. O vinho que tarda, o copo de vodka não partilhado. Pela pressa da ausência.

O olhar ao relógio para ir embora.
A neet.
As mensagens.
O telefone.
O silêncio, o desconforto e o vazio.

Os dias em que quase dissemos não querer saber.
Os dias em que quase merecemos dizer adeus.

Por analisarmos o viver...


domingo, julho 09, 2006 

Este soneto meu amor é para ti.
É teu, só teu, que não o leia mais ninguém.
Se acaso alguém o vir não digas donde vem
Se pensarem que é meu, diz que nunca te vi.

Guarda contigo na memória o que ele tem
De belo e triste, e rasga os versos que escrevi.
E como eu os rasguei enquanto os escrevi
Irás assim rasgando as palavras também.

Não me respondas, não me contes onde vais
Quem és, quem foste, e onde e quando me encontraste
E se eu estava acordado ou a dormir demais.

É que entre nosso sonho há um vago contraste
Este poema é teu sem saberes nunca mais
Se fui eu que o escrevi ou tu que mo mandaste.

OLAVO DE EÇA LEAL


gosto muito de poesia, acho os sonetos engraçados e este agrada-me...

sábado, julho 08, 2006 


Eis o que acontece quando se tenta fotografar um avião... (ele está na foto)

quinta-feira, julho 06, 2006 

Sonhar é algo que acontece, acordar também... mas dói?

 

Era uma vez muitos professores contratados, que todos os anos necessitavam de apresentar atestados de robustez física e psíquica junto das secretarias das suas sucessivas escolas. Umas tinham mobilidade, outras eram imóveis do Estado quiçá à espera de penhora para reduzir o défice. Todas tinham muitos trabalhadores precários que rodavam, assustados, de contrato em contrato e tossiam baixinho para não acordar o vizinho.
Os demais docentes há muito contratados, quando doentes, com sorte, apenas apresentavam dois ou três famosos atestados ao longo das suas carreiras, felizes por superarem mais uma prova na vida, porque um professor também adoece. Entretanto, milhares de docentes de todos os grupos espelhavam a sua felicidade nas admiráveis reuniões de grupo, na observação minuciosa das longas listas de alunos por turma, e, na observação do ar cheio de prateleiras vazias das bibliotecas.
O segredo de muitas bibliotecas residia no seu ar despido e vazio. Todos sabem que as bibliotecas são locais sagrados, deve ser por isso que muitas bibliotecas são locais de passagem, onde se entra e sai muito depressa ou a medo: nunca se sabe se algum livro pode deslizar e cair em cima de um pé. Há quem diga que quem entra numa biblioteca pode ser atingido por uma gramática. E o que é isso uma gramática? Que é feito dos antigos nomes que ela encerrava? Agora existe uma nova e muito desconhecida terminologia... aparentemente também desconhecida...dos manuais adoptados nas escolas, dos alunos, dos professores, dos Ministros e Ministras... Que estranho mundo este do ensino.
Há quem lembre as palavras encorajadoras de muitos professores (actualmente muito apresentados como responsáveis de todos os males do ensino). Ah, que bom quando as palavras transmitidas pelos docentes eram recompensadas com exclamações de espanto dos alunos (li um livro e gostei!). Ah, isso era como uma antiga publicidade, que dizia: Impulse, só não a/o protege de um grande amor...
Estamos em Julho, há quem fale em férias, parece-me inútil relembrar a pergunta muito ouvida nas escolas portuguesas: porque são necessárias aulas de Estudo Acompanhado? É simples...mesmo elementar (meu caro Watson): o ensino anda a sentir-se só...
Claro está que os Grandes Observadores acham que todos os professores e demais funcionários nascem iguais e como tal têm imensas férias. Pois se há quem afirme a pés juntos, e, a pés separados, que os professores, esses matreiros, têm três meses de férias! Tsse, tsse, que vergonha.
Mas a Legislação, muito respeitada, necessitada de novas roupas (perdão novas leis) não resiste e metamorfoseia-se, graças aos esforços de sucessivos mistérios, perdão Ministérios, Ministra e seus colaboradores (retirar os professores deste lote, um professor nos tempos que correm é um estranho aparentemente incompatível com o ensino).
E quem mandou escolher a profissão de professor e querer trabalhar? Hummm?