sábado, dezembro 30, 2006 

Melina e Lira conseguiram ficar assim...

...após uma semana de adaptação...

sexta-feira, dezembro 29, 2006 



A todos Um Bom Ano Novo, com muita alegria e em boa companhia.

domingo, dezembro 17, 2006 



Há coisa de uns quatro anos fomos até ao Norte numa rápida escapadela, depois de mais um ano terrível a remar contra a maré.
Tenho uma memória ela também terrível, selectiva como todas as memórias que se prezam, péssima quando pretendo lembrar-me ou decorar alguma coisa.
Algo em mim se indispõe e se recusa a decorar por obrigação. No entanto, nessa viagem –graciosamente- recebi mais uns ensinamentos acerca da paisagem que vislumbrávamos. Asseguro que pretendia mesmo lembrar-me das palavras (afinal ainda me lembro :). O que víamos eram modelados graníticos resultantes de alterações... mas estava em dia mau, quando pretendia repetir a frase ao identificar os ditos cujos... só me ocorria a palavra transformações, em vez de alterações. Não havia nada a fazer, até anoitecer repeti incansavelmente a mesma palavra que não podia ser sinónima. Foi-me então explicado que não é a mesma coisa. Alterações é o termo que se deve aplicar pois as rochas alteram-se por processos fundamentalmente químicos. Se se tratassem de processos físicos utilizaríamos a palavra erosão. Quatro anos depois fica o esclarecimento escrito, para mais tarde recordar.
Há duas semanas tirei esta fotografia e sorri imenso ao pensar nos modelados graníticos resultantes de alterações. Não resisto a partilhá-la, mas desta vez são modelados calcários... resultantes de alterações! Fica dito.

 

... a possibilidade de renovação...

E falta sempre
uma coisa, um copo
uma brisa, uma frase
E a vida dói
quanto mais se goza e
quanto mais se inventa

Fernando Pessoa, excerto de Passagem das Horas

sexta-feira, dezembro 15, 2006 

e o tesouro encontrado foi...

quinta-feira, dezembro 14, 2006 

Porque amanhã é sexta-feira vai haver tempo para não ter tempo outra vez...

quinta-feira, dezembro 07, 2006 

A refeição

Ele sorriu e tranquilamente perguntou quanto tempo faltava para o almoço. Gostava de comer sozinho, no canto da mesa, encostado ao fogão. A resposta surgia prontamente: quando quiseres, está pronto.
Admirava aquele entendimento, também repleto de ralhetes, sinais de amor, numa época e geração em que mostrar carinho nem sempre foi decisão unânime.
Aquele casal sempre me acompanhou, partilhou décadas de almoços previstos e imprevistos, lutas, cansaços, alegrias e vitórias. A existência de descendência numerosa assegurou a afirmação de um património genético.
Quando foi necessário dizer adeus, o cheiro a café, o tom alegre (mais ou menos esganiçado) inscreveram-se definitivamente na memória dos afectos. Tal como todo o cerimonial, passível de ser teatralizado pelos inúmeros movimentos apressados entre o fogão e a mesa, as tampas retiradas que permitiam o eclodir de ruídos e cheiros agradáveis. Aquele local tinha a magia de um encantamento. Por isso não era estranho ver surgir, milagrosamente, o prato cheio de alimentos apetecíveis, feitos por mãos cuidadosas que dispunham o comer tornando a fumegante refeição num momento especial.
Afinal... aquele casal é uma parte de mim...
A. (porque me disseram que nunca assino os meus textos)

terça-feira, dezembro 05, 2006 


Teste: após a não leitura do texto apagado escolha a sua resposta. Se quiser justifique.

Das duas uma ou das duas duas:
temos aquilo que merecemos.
temos aquilo que permitimos
.

domingo, dezembro 03, 2006 

Paris, 17 de Fevereiro de 1903

Caro senhor:
A sua carta chegou-me apenas há alguns dias.
Quero agradecer-lhe pela sua grande e estimada confiança. Pouco mais posso fazer. Não posso debruçar-me sobre o carácter dos seus versos, pois não tenho a veleidade de emitir qualquer juízo de valor. Nada é menos capaz de apreender uma obra de arte do que as palavras críticas: quase sempre resultam daí mal-entendidos mais ou menos felizes. Nem sempre as coisas são tão compreensíveis ou dizíveis como muitas vezes nos querem fazer crer; a maioria dos acontecimentos são inexprimíveis, atingem a sua plenitude num espaço em que nunca nenhuma palavra penetrou, e os mais inexprimíveis de todos são as obras de arte, seres secretos cuja vida permanece depois da nossa se extinguir(...)

excerto de carta de Virginia Woolf a Rainer Maria Rilke (publicado por Relógio D'Água)

sexta-feira, dezembro 01, 2006 


Sem marcação prévia todos os olhares seguem o mesmo lento movimento.
Importa chegar a tempo, porque o ciclo cumprir-se-á, com ou sem a nossa presença.
Existe no final de certas tardes a ilusão de ter outra vez, pela primeira vez, a energia de uma apoteose. O céu pode tingir-se de um manto opaco, o mar testemunhar como um pescador sente o tempo que fará amanhã.
As palavras trocadas dão lugar ao silêncio envolvido pelo subtil som que molda as ondas. Tudo se centra num olhar.
Na semi-penumbra há luz nos olhares que perscrutam o sol poente, onde se esconderam todas as ausências.