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sábado, dezembro 17, 2005 

Recuar para tomar balanço, correr desenfreadamente, suster a respiração e saltar sem hesitação para dentro de uma página. Que seja ela a confidente desta noite!
Pois...vejamos o dia de ontem e seus momentos altos. Reconheço que apesar das deslocações para tratar de burro(cracias), numa correria entre Lisboa e Cascais, foi um dia muito pouco condimentado... mea culpa, muita mea culpa. Percorri blogs amigos e de amigos, com tempo para alguns comentários e para pesquisas, por assim dizer, alimentícias/gastronómicas. Eis um gosto ainda não blogalmente abordado. Não não se trata de receitas, se bem que estas sejam importantes, nem que seja para adulterá-las, partilhá-las e fazer experiências novas, trata-se sim do que circula acerca e à volta da alimentação, com suas implicações sociológicas, antropológicas e mais ógicas. Este blog faz-se e não se faz, considera momentos, sem pretensões à perfeição, é humano, muito humano. Muitas pessoas, temas, vidas estão latentes, à espreita para, talvez, surgirem, porque à beira das minhas mãos estão muitas folhas por preencher.



(The chocolate room Photo by Peter Mountain)

Momento da noite foi o filme Charlie e a Fábrica de Chocolate, escancarada, com cenários comestíveis e crianças a representarem serem crianças, a gostarem ou não de chocolate, com seres a passarem pela fábrica e a saírem ligeiramente modificados ou reafirmados nas suas escolhas e carinhos. É uma visão retocada de uma versão antiga. É menos musical e muito visual. O cinema é sempre mágico. E o chocolate? Disseram-me que não há chocolate mau, apenas há bom e muito bom. Gostei da frase, embora tenha gosto por chocolates sem adjectivos. Quanto aos filmes, há neles muitos ingredientes, quem os vê sente-lhe o gosto e os rostos no ecrã deixam rasto na memória, bom ou mau...indiferente...



E porque adio o momento de me deitar? Será talvez para não sonhar. Esta semana acordei em sobressalto e o apelo do cheiro a lençóis lavados deixou-me imóvel, preferi ficar ao frio a ler ao computador e a tentar não escrever. Será porque é Natal? − É porque neste Natal me falta de novo o mais importante e não me apetece sonhar outra vez com a ausência. Sabem o que é isso? Mesmo? Então era bom que não soubessem e não vale a pena mais comentários. Nesta vida a morte deixa rastos que não nos elevam até aos píncaros da poesia ou da prosa. E por aqui me fico à espera de poder saltar, ignorando os riscos de um pulo no escuro da noite, para dentro dos lençóis com cheiro a canela.