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domingo, fevereiro 12, 2006 

Tudo bem?

As minhas mãos persistem em teclar, pela noite fora, sem hora marcada para parar.
Agora que comecei a escrever-te as palavras atropelam-se, desejosas de saírem do anonimato que as resguardava. Sinto que lhes devo o benefício da dúvida, quero que façam o seu percurso e voem, embora me questione se chegarão até ti.
Porquê este querer, talvez te perguntes? Porque a timidez é um direito de que me custa abdicar, no entanto, a escrita desvenda também o que permitirmos e tem como anseio ser partilhada, para poder fazer sentido e jus à sua existência. Acrescento ainda: todos existimos pelas nossas palavras e formas de comunicar. Escrever é uma forma de existir.
Escrever-te é um gesto difícil, deparo-me com a mesma familiar tremenda dificuldade: fazer com que alguém, num texto, distinga o que é essencial do que é acessório.
Reconheço que o Tempo passou e estas palavras saíram das minhas mãos tardiamente, deve ser por ser noite, serão talvez lidas como acessórias e não essenciais.
Sei que não há momentos certos, há momentos que resultam, inexplicavelmente, e, há outros que definham por tardios, não sintonizados ou porque simplesmente não resultam.
A vida, dizes-me tu, não é um texto. É verdade, não nego, mas tem muitos pretextos. Fazemos leituras na vida e nos textos, mas na vida não podemos mandar reimprimir e rectificar um fragmento já vivido e que queiramos alterar; acredito, sim ser possível descansar de cansaços antigos e partir para novas paragens, vivendo, já agora, intensamente.
Queria dormir mas falta-me o sono. Não sei se escrever-te contribuirá para reduzir ou para aumentar a distância entre a cama e eu, entre tu e eu. É noite e não dormi, mas tenho a sensação de ter acordado de um sonho, onde a inércia me imobilizava.
Sabes, temo ter consentido numa linguagem de silêncio que ignorou o momento de ranger os dentes, fazer uma careta macaca...gritar, sorrir e lutar pelo que era essencial, com o supérfluo ao lado.
O essencial foste tu e o supérfluo fui eu? Prefiro acreditar que o fundamental somos nós.
És parte do meu universo mais precioso. Mas sinto um cansaço tão grande perante a ausência ensurdecedora que se tem instalado entre nós!
Não sei qual foi o momento em que escolhi não subir aquele lance de escadas apertado, com ar pouco seguro, que via à minha frente e onde sabia encontrar-te. Ironicamente nem tenho medo de alturas, embora possa ter vertigens.
Do cimo das escadas a paisagem é magnífica, o olhar abarca o horizonte e talvez fosse um bom local para lançar velhos fantasmas na aragem da manhã, no fumo de um cigarro, no vazio de um copo, no toque de duas mão, num beijo...
Os tempos eram outros, acreditava no que acreditavas. Tu ansiavas por uma presença, eu pelo tudo.
Não é possível aceder ao que não existiu. É verdade, nos tempos que correm, não basta desvendar sentimentos, interessa muito mais vivê-los intensamente.

Passei por aqui e não podia deixar de dizer que algo me prendeu.
Voltarei mais vezes!
Beijinhos.

Texto lindo...Lindo. Mas também inquietante...

Como dizes " Escrever é uma forma de existir.", mas mesmo assim não basta, escrever é um acto muito solitário.

[Gostei muito do blog... da forma como escreves.]

Muitas são as reflexões possíveis mas só o que se sente vem ao de cima!... :)

Deixei comentários nos vossos blogs que estão mto interessantes, Bj

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